.todas as noites.

Todas as noites é a mesma coisa,ela deita e tenta dormir.Desaba todo o seu cansaço na cama.Sabe que não é um cansaço qualquer,é um cansaço mental que faz muito,muito mal a ela.Vira para um lado,para o outro e nada - o sono teima em não vir.Dá lugar a pensamentos confusos.Uma miscelânia de sentimentos.Ela pensa nos sonhos.Todos os seus sonhos.Aqueles que lhes parecem impossíveis.Ela chora.Todas as noites ela chora.Se questiona.Tenta se livrar de um vazio insubstituível.Pensa que a única coisa que ela queria é ser feliz.Ela se sente sozinha.Ela chora.Ela desabafa.E só então ela adormece...

...mas todas as noites são iguais - exatamente iguais.

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”Estou cansada, cada vez mais incompreendida e insatisfeita comigo, com a vida e com os outros. Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive.”

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Florbela Espanca